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Maria Rita foi abenoada pelos grandes mestres do gnero (Foto: Renato Nascimento/Divulgao) |
Maria Rita no precisou do nome da me, Elis Regina — que completaria 80 anos no ltimo 17 de maro — para brilhar. Destinada a ser ela mesma, superou at o ceticismo da comunidade do samba para se tornar uma de suas maiores intrpretes. No domingo (13), a cantora se apresenta no festival Clssicos do Brasil, no Classic Hall, em uma noite dedicada ao gnero, que ainda trar Alcione e Diogo Nogueira. O evento, que celebra a diversidade musical brasileira, comea nesta quinta, reservando tambm espao para a msica pernambucana, o rock e o pop, com nomes que vo da Academia da Berlinda aos Paralamas do Sucesso.
Quando lanou seu primeiro disco, em 2003, Maria Rita no apenas conquistou prmios de revelao do ano, mas matou a curiosidade de muita gente que queria saber se ela era to afinada como Elis. Sobretudo, provou ser capaz de honrar esse legado enquanto comeava a escrever seu prprio captulo na msica brasileira. “Os relatos de famlias com diferentes geraes que iam aos shows eram emocionantes. No tem como negar esse lao. Essa misso tambm minha funo como artista e intrprete”, frisa, em conversa exclusiva com o Viver.
Foi no ano de 2007 que veio a virada na carreira de Maria Rita, quando ela deixou o circuito da MPB e mergulhou de corpo e alma no universo sambista com Samba Meu. Mesmo tendo como pai Csar Camargo Mariano, mestre na mistura do ritmo com o jazz, a cantora foi procurar sua prpria turma. Nomes como Arlindo Cruz e Leandro Sapucahy aram a figurar em suas fichas tcnicas. “A minha relao com o samba surgiu de forma muito pessoal. Nasceu da minha irao, curiosidade e amor pelo gnero, pelo carnaval e pelos grandes mestres”, conta ela.
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Foto: Renato Nascimento/Divulgao |
Hoje abenoada por lendas do porte de Zeca Pagodinho e da prpria Alcione, Maria Rita confessa que a aceitao da comunidade no veio de imediato. “O samba generoso, mas no ite aventureiros”, diz. Com o ar do tempo, sua dedicao e talento mostraram que no estava de agem. “Tenho uma ligao profunda que, at hoje, eu no entendo por completo. muito gratificante me perceber inserida, acolhida, relevante nesse universo. Por vezes, ainda me emociono quando realizo essa minha histria”.
Em 2013, o samba j danava em seu peito, mas foi no Rock in Rio que a cantora ouviu seu chamado definitivo. Quando levou algumas msicas de Gonzaguinha ao palco Sunset, Maria Rita sentiu suas razes fincarem. “Eu tinha esse desejo de cantar as msicas dele h muito tempo, mas no me sentia segura”, destaca ela, que j havia gravado O Homem Falou em Samba Meu, o divisor de guas em sua vida de intrprete.
Vencedor do Grammy Latino de Melhor lbum de Samba/Pagode, Samba Meu abriga uma joia rara no corao de Maria Rita: T Perdoado, que Arlindo Cruz ofereceu cantora quando nem existia a ideia do disco. “Ele me enxergava como sambista antes mesmo de eu entender esse compromisso”, relata.
Maria Rita retorna a Pernambuco no Clssicos do Brasil com seu festejado Samba da Maria, show que ela define como uma autntica festa do gnero. No repertrio, alm de seus clssicos como Cara Valente, Num Corpo S e Desse Jeito, a cantora reverencia cones como Jorge Arago e as saudosas Beth Carvalho e Jovelina Prola Negra, em uma noite que promete reverenciar as razes e a contemporaneidade do samba. Uma celebrao da qual ela no apenas participa, mas que ajuda a eternizar.